
Com o objetivo de introduzir a equipe do Veredas e do Hub LAC a algumas das tendências contemporâneas no debate sobre desenvolvimento, o Instituto está promovendo uma capacitação interna desde junho de 2022 sobre desenvolvimento de capacidades estatais.
O desenvolvimento de capacidades estatais é o processo de um órgão público desenvolver as capacidades necessárias para alcançar os seus objetivos de forma eficiente e eficaz. Na administração pública, é muito comum encontrarmos setores que não conseguem atingir os seus objetivos.
Isso se deve a vários fatores, como a complexidade dos problemas enfrentados, a rigidez da burocracia, pressões políticas, entre outros. A discussão sobre como desenvolver capacidades organizacionais visa exatamente entender esses desafios e propor caminhos para que um órgão público se torne mais “funcional”, ou seja, mais capaz de entregar para a população os serviços que devem ser entregues.
Um elemento central para o desenvolvimento de capacidades estatais é a gestão adaptativa. Segundo a pesquisadora do Veredas Ingrid Abdala, o termo “adaptativo” parte exatamente dessa forma de gerir que pode ser constantemente readaptada, repensada e reajustada de acordo com o problema que está sendo enfrentado.
“Quando você foca na solução, existe uma forma de como aquilo deverá ser implementado. Mas quando você foca no problema você pode ser mais flexível e menos rígido na forma como irá passar por esse percurso para encontrar uma das soluções possíveis”, explica Ingrid.
Um dos pilares da gestão adaptativa é o Learn by doing, que em português significa Aprenda Fazendo. Na prática, trata-se de um conjunto de ferramentas ajustáveis, uma customização, para encontrar soluções sobre determinados problemas.
“Existe a rigidez das ferramentas, mas existe a forma como a gente compõe as ferramentas, a forma que a gente decide usar, que é algo flexível e é algo que aprendemos no processo de fazer. Quando a gente vê que funciona naquele cenário, a gente segue fazendo. Se no percurso você perceber que a forma que você está tentando fazer não deu certo, você já propõe uma nova forma de pensar e assim vai experimentando cada uma das soluções possíveis”, explica Ingrid.
A ideia é ir aprendendo com o processo e tentar encontrar uma solução. Para isso, atuar em conjunto é fundamental para garantir que as mudanças sejam relevantes.
Origem
Segundo o diretor do Veredas Davi Romão, o debate sobre Políticas Informadas por Evidências (PIE) se fortaleceu muito nos últimos anos, no Brasil e no mundo, com relação a instrumentos e ferramentas para construir evidências para tomada de decisões. Este fato provoca um crescimento da demanda, ou seja, cada vez mais pessoas interessadas.
“Chegamos num ponto em que temos outros gargalos no sistema para continuarmos avançando. A forma mais completa de ver esse gargalo é, basicamente, discutir alternativas para que organizações do Estado possam incorporar, institucionalizar, tornar como prática padrão e parte de sua cultura o uso de evidências em suas rotinas”, avalia Davi.
A Gestão Adaptativa foi inicialmente pensada para instituições públicas que necessitam encontrar formas de como construir capacidade de execução e implementação.
“Desenvolver capacidade para usar evidências é um tremendo desafio e a gente precisa saber disso”, afirma Davi ao destacar que o Veredas buscou um ferramental próprio sobre o tema na literatura internacional, que tem uma série de nuances que necessitam ser mapeadas. “A ideia é que Veredas possa incluir esse tema na sua forma de atuar e nos seus serviços.”
“Simplesmente aplicar ‘melhores práticas’ não funciona para enfrentar problemas de alta complexidade. É necessário desenvolver práticas específicas para cada contexto, para que a gestão dê certo”, completa Ingrid.
Protótipo para Gestão Pública
Essa foi a 1ª edição do curso, que contou com duração de 46 horas, ao longo de 23 semanas, para desenvolver conhecimento conceitual sobre as funções, relevância e potencialidades. O último encontro da capacitação interna será no dia 30 de novembro.
A ideia inicial é que a capacitação sirva de protótipo para ofertar o curso como um dos serviços do Veredas às instituições que se interessarem pelo tema e também como um serviço de facilitação de processo institucional.
Conheça os serviços e ações ofertados pelo Veredas
“O curso nos instrumentalizou muito bem. O processo de mudanças e solução de problemas nem sempre é tão fácil. A entrada de uma equipe facilitadora de fora que caminhe junto para tentar encontrar a melhor solução possível para aquela realidade é muito potente”, afirma a pesquisadora Carol Beidacki.
Carol destaca que o curso é desafiador por ter uma carga de leitura densa e complexa, porém a forma como o Veredas trabalha, sempre tentando fazer a tradução do conhecimento, torna as coisas mais palatáveis. Além disso, o equilíbrio entre a teoria e a prática torna a capacitação fluida.
“O curso leva em consideração a realidade local, o que está se experimentando, com acertos e erros vamos chegando numa resposta mais personalizada. Voltamos, reavaliamos, afinamos de novo, até que nessas idas e vindas a gente constrói uma solução adequada. Podemos usar os aprendizados deste curso em todos os ambientes da vida, não só institucional. É uma forma de pensar, uma reflexão crítica e criativa constante”, finaliza Carol.
Foto: Pedro França/Agência Senado
Ascom Veredas